25 de maio de 2005

vantagens da regionalizaçao: eleiçoes em Roma 1


campea mundial de fitness para a Assembleia Regional. A seguir, o Bud Spencer e o Partido dos Consumidores em Cuecas.

24 de maio de 2005

Guerra das Estrelas

O melhor de ver o Star Wars em Londres foi que fomos ve-lo ao Barbican Centre. E' como estar dentro de uma nave espacial, com todas as peças desenhadas nos anos setenta. O cinema nem é grande coisa, mas estavam la' o Lou Reed (bastante carcomido, diga-se) e a Laurie Anderson, mais ou menos ano'nimos. A segunda coisa melhor é que pudemos ver em versao original, coisa que aqui tao cedo nao sei (imaginam o Yoda a dizer "Che la Forza sia co' te!"!!!!!!! e ainda por cima o Darth Vader chama-se Darth Fenner, que soa completamente amaricado). Quanto ao filme foi, como disse a Clara, "bom para ver os bonequinhos outra vez", apesar dos actores serem bastante fraquinhos. De qualquer maneira, quero ver mais uma vez antes de fazer grandes comenta'rios.

19 de maio de 2005

até para a semana

Daqui a umas horas estou a passar o fim-de-semana na terra do liberalismo.

18 de maio de 2005

Bravo!

Para o Blasfemias e o Abrupto, as minhas duas referencias. Como vivo em Roma fui ha' uns meses submergido no caos (coisa nao rara por aqui) quando foi assinado o Tratado da Constituiçao Europeia. Ja' nao sei quem ficou retido no aeroporto por causa do Santana Lopes. Ruas cortadas, cordoes policiais, helicopteros, a parafernalia do costume. E o que na altura me causou uma sensaçao estranha foi que todo aquele movimento podia ser simplesmente inutil, ja' que haveria de haver um referendo... Mas o modo como tudo foi levado a cabo (incluindo jornais e televisoes) deu a crer que se tratava de um facto consumado, e ainda por cima de uma grande festa, de um grande e novo amanha. Agora paciencia; esperemos que nao.

porque:

nao me interessam nem franceses nem alemaes nem as supostas ambiçoes deles de governar o Mundo. Tambem caguei e andei para a nossa soberania e perda de identidade nacional. O que eu nao quero é mais burocracia e diluiçao de responsabilidades, ou seja mais Estado. Aquele que temos ja' nos da' problemas suficientes.

bem visto

NAO!

17 de maio de 2005

Salento 2


Lecce, cortile todo em hera

16 de maio de 2005

Salento


Lecce, Piazza Duomo

todo focken

ou a cair para o lado, com 2 horas de sono depois de fazer 2000 km num fim-de-semana no Salento, o tacao da bota italiana. Grandes imagens virao (o melhor que a minha micro-maquina pode fazer) e talvez algum esquiço. E um mar de sonho para escapar ao fumo de Roma.

13 de maio de 2005

Milano


Salone del Mobile, Abril 2005. Toda a cidade em festa, (aqui uma discoteca-design-tenda) e bastante menos azeiteiros por metro quadrado em relaçao a Roma.

mais dois para a festa

O Jaquinzinhos, que alem de ser outro dos que nao fazem prisioneiros ainda tem fotografias de Roma muito melhores que as minhas (estas aqui te^m um publico alvo mais especifico...). O Semiramis, que tambem nao se fica atra's em termos de potencia destrutiva de argumentos bacocos estadistas, tem sempre textos mais longos mas sempre refinados, claros e inteligentes. Um prazer de ler (e daqui a pouco a barra de links do firefox ja' nao chega, e o tempo para ler tambem nao).

12 de maio de 2005

o triunfo do barroco


palazzo Barberini, escadaria oval por Francesco Borromini.

11 de maio de 2005

Tudo à borla

A semana passada instalei aqui no escritório o Firefox, o Skype e o Gmail. Três produtos simples, grátis e o mais importante – funcionam maravilhosamente. Na sexta conheci um indiano que estava a trabalhar para uma empresa de software (como cada vez mais milhares de pessoas na Índia) e ele só trabalhava em software open-source. Ora por aqui no Santa Bárbara ninguém pensa que nada cai do céu, e ao início esta coisa do open-source e tudo grátis e aberto metia-me impressão: soava à típica “revolução que vai dar cabo das multinacionais” e que afinal nunca mais dá (diziam a mesma coisa do mp3). Mas a verdade é que os programas funcionam mesmo bem (ao contrário, por exemplo, do Explorer e do Word, que ainda por cima se pagam) e contra isso não há argumento possível: o indiano dizia-me depois que “no futuro vai ser tudo grátis. Queres um programa e vais buscá-lo à Internet, sem CDs de instalação e sem pagar mais por isso.” E para mim isto começa a ter muita lógica, não porque represente o fim do capitalismo electrónico, mas precisamente porque só é possível num sistema concorrencial feroz, sim, mas sobretudo dinâmico e liberal, e que no fim de contas beneficia o consumidor, i.e. a Humanidade em geral. As empresas passam a dar os programas e a cobrar pelos serviços – é o fim, não do capitalismo, mas da pirataria! (e dos marroquinos que vendem software a 5 euros nas ruas de Roma...). O capitalismo é o caos – é imprevisível, mas geralmente mais benéfico do que aquilo que se faz crer. Quanto a mim é simples: quanto mais gente usa um produto mais este ganha valor, e a maneira mais eficaz de fazer com que ele seja usado é dá-lo.

O Blogger, por exemplo, está muito melhor e ao contrário do que se passava há um ano atrás não se paga pelas imagens e não há publicidade. O nosso miserável Clix, pelo contrário, dá-nos um restyling, publicidade, lentidão, bugs, SPAMs e uns avarentos 5Mb – já não há paciência e por isso mudei para o Gmail.

Não sei se há ou haverá programas de open-source para arquitectura (se alguém souber, avise sff), e ao contrário do indiano e de outros que tenho conhecido não gosto de fazer profecias (a dada altura ele sai-se com “e daqui a dez anos a Microsoft vai acabar ou tornar-se aberta!” - estava-se mesmo a ver...). Nem imagino muito bem como é que é possível desenvolver programas profissionais tipo Autocad, Photoshop e Rhino sem cobrar por eles... A ideia vendida pelos open-sourcianos de que toda a gente contribui globalmente para o bem comum também não me convence lá muito - para mim são mesmo o pilim e o amor que fazem a diferença, não a boa-vontade. Mas para já dou o braço a torcer e espero mais maravilhas da técnica. À borla.

E acrescente-se, uma grande lingua de fora ao Publico, por, precisamente nesta altura, começar a fazer pagar um produto que antes dava.

10 de maio de 2005

parece inutil

porque ja' esta' noutra galaxia, mas mesmo assim: parabens atrasados ao Abrupto, que se nao fosse ele nao estavamos aqui. Em Roma, onde o Publico nao chega (ja' nem pela net, pelo menos aquilo que interessava), é a primeira coisa que vejo quando ligo o computador - a que se sucedem todas as outras descobertas através dele.


capella Avila, Sta Maria in Trastevere, de Antonio Gherardi

6 de maio de 2005

O direito à arquitectura 4

Ainda bem que o Tiago se lembrou do Kahn (nem por acaso anteontem fomos ver o documentario sobre ele realizado pelo filho). E obrigado ao Guerra por ter escrito.
Concordo com a ideia do mestre. Mas acho que nao so' nao é incompativel com o que defendo, como de certa maneira o confirma. Vejamos: um arquitecto tem que usar rodas redondas e portas por onde as pessoas possam entrar. A arquitectura tem que funcionar, mais ou menos bem, para ser arquitectura. Tudo bem - mas esses sao problemas tao simples que nao é preciso ser arquitecto para os resolver; qualquer casa de desenhador tem portas mais altas que as pessoas, janelas que abrem para deixar entrar o ar, tomadas eléctricas, canalizaçoes, etc. Nao deixa de ser arquitectura por isso.
Dou um exemplo, duma casa que até conheço pessoalmente: o atrio é enorme e escuro, e no Inverno é gelado por causa do pavimento em tijoleira. Um dos quartos nao tem janelas, e a sala é virada a Norte. A casa de banho é gigantesca e logo dificil de aquecer no Inverno (estamos na Guarda). Por outro lado, é rodeada por todos os lados de uma varanda que junto à cozinha é virada a nascente, por isso de manha no Verao é um forno. Nao foi desenhada por um arquitecto, é claro, mas la' moram pessoas e, se podiam ter uma casa melhor, nao te^m nenhum problema particular com esta que as faça mudar.
E' aqui que eu quero chegar. No's andamos 6 anos a estudar (mais um de estagio para a Ordem) para sabermos desenhar edificios que nao tenham estes problemas (pelo menos quem leva a profissao a sério). E isso é uma mais-valia, mas nao uma condiçao indispensavel para que a casa funcione e os seus habitantes sejam felizes nela; daqui se retira mais uma vez que:
O unico motivo pelo qual se pode justificar a revogaçao do decreto 72/73 é o proteccionismo corporativista. A profissao de arquitecto é uma profissao de valor acrescentado, nao de serviço publico.
Podem-me dizer: mas entao nao era melhor se todos os edificios fossem desenhados sem esses problemas? Nao é obrigaçao do Estado garantir que os cidadaos sejam protegidos dos abusos dos construtores, que nao querem pagar a alguem competente para fazer os projectos? Para isso ha' duas respostas: uma, que o Regulamento Geral de Edificaçoes Urbanas ou é insuficiente ou o é a fiscalizaçao nas Camaras (a casa acima viola varios pontos do dito regulamento). A outra, a dura verdade (como ja' disse antes), é que nao ha' nenhuma garantia de que um arquitecto, hoje em dia, possa evitar complicaçoes às pessoas que usam os seus projectos; bem pelo contrario, a historia esta' cheia de obras-primas a cair aos pedaços porque foram mal desenhadas (vd as paredes cheias de verdete e com o revestimento esburacado da nossa Faculdade; e ja' agora, a torre de Pisa). Nao vejo entao nenhuma vantagem na revogaçao.

historia do dia

o fax nao funciona. O chefe pega nele e começa a carregar em todos os botoes, até que se passa e começa a bater com o aparelho em cima da mesa enquanto lhe chama qualquer coisa tipo "maledetto figlio di puttana". Agora nem temos telefone.

4 de maio de 2005

pedras brutas

Sobre o que esta' escrito aqui, outro dos meus blogs preferidos. Infelizmente, desta vez passaram-se. Mas qual é o problema de construir em pedra bruta? E em que medida é que isso é sintoma'tico do nosso atraso cro'nico? Edificios com a expressao arquitectonica das Se's da Guarda, E'vora e Coimbra, so' para dizer tres, nao se encontram em mais lado nenhum do Mundo. Para ja', construir em pedra bruta é muito mais complicado do que empilhar tijolo sobre tijolo (como se fazia em Roma, ja' que a pedra bruta ou era muito ma', como o tufo vulcanico, ou era muito boa, como o travertino e assim nao eram usadas para segurar o edificio). E' verdade que a nossa arquitectura medieval é normalmente feita com materiais rudes, nao de mosaicos dourados. E depois? Se isso fosse condiçao necessaria e suficiente para termos bons edificios entao no sec XVIII eramos o pai's mais avançado da Europa (quando dignifca'mos as nossas rudes igrejas romanicas atafulhando-as de talha dourada).
O atraso cronico portugues existe sem duvida, mas tentar transpor para a arte aquilo que verdadeiramente se passa na economia é que me parece errado. Obviamente que as duas coisas estao ligadas, mas felizmente nao dependem inteiramente uma da outra, e disso podem-se dar milhares de exemplos - alia's a se ha' coisa dependente da economia é o negocio da arte contemporanea, e nisso Portugal tambem nao esta' assim tao atrasado...

3 de maio de 2005

Arquitectura para os dias de hoje

este é um artigo que foi publicado num anterior Santa Ba'rbara, feito no Verao em fase experimental. Fica aqui para a posteridade (ligeiramente retocado).


A ideia de escrever isto veio do post "Tempos Duros 3: o Argumento Hegeliano" do Abrupto . Quando estava em Londres a trabalhar, uma das coisas que mais me marcou foi ler o "The Open Society and its Enemies", do Popper, todas as manhãs e todas as noites, na interminável viagem de autocarro de casa para o escritório e vice-versa. O tal argumento Hegeliano é explicado, dissecado e refutado com a maior clareza (e elegância) e o esforço de ler o calhamaço compensa pelas ferramentas que nos dá para entender o Mundo. Ora o livro fala precisamente dos "perigos do historicismo" para as nossas democracias ocidentais, mas nada em relação à arquitectura - só algum tempo depois (admito a minha incapacidade...) é que consegui juntar as pontas.

Quando dizia aos meus colegas "Vou para Londres trabalhar em arquitectura clássica e tradicional" a resposta, mais coisa menos coisa era "Mas não faz sentido nos dias de hoje fazer esse tipo de coisa!" a que se seguia algum sorriso condescendente ou uma risada incrédula. Um deles veio-me dizer que essa arquitectura era falsa porque era "só cenário", ou só "decoracão".

A verdade é que os projectos em que trabalhei em Londres eram estruturalmente modernos (paredes de betão anti-sísmicas, estrutura de aço revestida a painéis sandwich) e pareciam "antigos" (pelo menos para qualquer modernista), com revestimento de pedra, janelas de madeira, telhados de telha, pérgolas, etc -the whole kit. Mas não é essa discussão que realmente importa (até porque a maior parte dos arquitectos nem está tecnicamente preparada para a ter, quando nem sequer sabe distinguir uma ordem da outra). O argumento que pesa é sempre o dos famigerados dias de hoje.

Um historicista, em traços muito simples, acredita que a História faz o Homem; ele é um seu produto, e ela a sua justificação de existir. O Estado no Poder, correspondendo ao momento actual da História, é assim superior ao Homem - Hegel chamava-lhe "divino" - e este tem que se lhe submeter, à marcha inexorável dos tempos. (com este fraco argumento Hegel pretendia justificar a actuação do seu patrão, o Kaiser Frederico II da Prússia, na sua marcha inexorável de conquista da Europa).

Na História da Arte o argumento é o mesmo - O Homem, sendo um produto da História, e logo dos seus tempos, expressa artisticamente a sua época, e toda a criação artística que não o fizer é desprovida de valor, ou simplesmente "não faz sentido". Este historicismo foi provavelmente o responsável pela criação das "etiquetas" artístico-históricas, que pretendem fazer crer que em determinada época se fazia uma determinada arquitectura, e que há sempre uma tendência para ir em frente (e assim se ignoraram durante muito tempo varios personagens, só porque não estavam alinhados com a corrente do seu tempo - Brasini, Vittone, etc que recentemente coemçaram a ser estudados).

A atitude, digamos, liberal e anti-historicista, declara pelo contrário que a História é um produto do Homem, que ela é feita de avanços e recuos e, pelo menos em relação à arte, nunca de consensos. No séc. XVIII construía-se em gothick em Inglaterra, mas tambem em Itália, e não se tratavam de revivalismos (mais uma expressão tipicamente historicista) mas de obras de arquitectura correntes - há projectos de fachadas, desse periodo, para igrejas construídas dois ou três séculos antes, que tinham que ser acabadas e na altura ninguem se preocupava se "fazia sentido" construir em estilo gótico ou não. Nunca houve verdadeiramente nenhum "estilo" que se possa associar a uma época, ao mesmo tempo e em todo o lado, mas sim fenómenos de sucesso localizados (a medição do valor de uma acção pelos seu sucesso tambem é um argumento hegeliano) que sem dúvida influenciaram outros fenómenos localizados.

Esta “obrigação moral” de espressarmos a nossa época tem as mais funestas consequências - a mercantilização da arte contemporânea e a destruição da homogeneidade dos centros históricos são duas delas. Sou contra o historicismo e acho-o um argumento fraco; sendo contra uma das suas premissas, não sou contra a arquitectura modernista em si - sou um liberal e assim defendo a diversidade de pensamentos e a liberdade criativa de toda gente. Só peço que em nome de uma época contemporânea não castrem a minha.

2 de maio de 2005

O direito à arquitectura 3

Ok, primeiro deixemos de lado a questao do que é popular ou nao. Essa coisa do "virus" parece-me muito snob para a levar a sério, mas ao mesmo tempo preocupante - por isso o melhor é ficar para segundas nupcias.
O problema é este: a nossa profissao nao é técnica, como a de médico ou engenheiro. E' uma profissao artistica, que so' uma regulamentaçao muito basica separa de um escultor ou um pintor (e mais uma vez nao vou discutir se o que temos é suficiente ou nao). Revogar o 72/73 era quase a mesma coisa que dizer que so' os pintores e os escultores é que podiam fazer pintura e escultura - ou seja fechar a sociedade, torna'-la corporativista.
Quanto à concorrencia dos engenheiros e desenhadores, que fazem mais barato, so' ha' uma coisa a dizer: a concorrencia faz baixar os preços, e isso beneficia o consumidor. Revogar o 72/73 é o equivalente a aplicar taxas aos chineses, porque sao baratos demais. E contra isso ja' foi tudo dito aqui.
A nossa paisagem esta' desfigurada? Claro que sim. E sobre isso ha' muito a dizer e a fazer, mas para ja ficam aqui quatro consideraçoes:
1. se forem so' os arquitectos a poder assinar projectos NAO vai haver nehuma melhoria, porque da maneira como funcionam as escolas e o establishment ninguem (arquitecto) é capaz de fazer alguma coisa que nao seja a sua linguagem individual, a sua afirmaçao, o seu objecto (vd Casa da Musica);
2. Nao creio que a soluçao para a concorrencia no sector seja aplicar medidas proteccionistas (a revogaçao nao é mais que isso, disfarçada com um muito bem-intencionado "Direito à Arquitectura");
3. Continuo a ver em tudo isto um profundo snobismo, de esquerda e de direita, que trata o "povo" com um paternalismo e uma condescendencia atrozes. Os desejos das pessoas, por muito absurdos e de mau gosto que sejam, sao delas e ninguem tem o direito de lhes impor o que elas querem - e por pessoas refiro-me a a todos nos, e a mim, que nunca gostei que me dissessem de que é que eu tenho que gostar.
4. Acho que seria mais util lutar por uma liberalizaçao e enriquecimento economico geral do Pais, ja que quando ha' dinheiro de sobra é facil aplica'-lo na cultura. Enquanto se esperar que ele venha do Estado, nao ha' nada a fazer - a nao ser regressar à ditadura e proibir tudo o que ponha em casa o status quo.